Traiu-te o coração Raul, nessa cama
inóspita e fria, de um hospital.
Partiste com a madrugada, pois a ninguém
quiseste incomodar e teu último sorriso,
largo esgar em teus lábios, deixaste-o à morte
e rogaste a Deus por ti, tua filha e neta,
num agradecimento todo especial
e pleno de humildade para com o teu púbico.
A todos lembras, como eram cândidos os
teus olhos e teu sorriso esboçando,
assim permanecia, dia e noite, apesar de
todo o cansaço, que teu trabalho exigia e
no qual entravas por mero prazer, no
fazer bem, ensinando a quem te quisesse
ouvir, nessa sábia concordância, entre
a vida e a arte, pela qual sempre te
esmeravas e altruísta, aos outros deixavas.
Foste maior de que todos os homens;
porque, em ti, modestamente, nunca
te negaste nem ao dom, que contigo nasceu.
E sabendo, quem eras e ao que vinhas, nunca
envaideceste, pois que te sentias uma pessoa
simples, no exercício de seu trabalho ou
no convívio com seus amigos e família.
Percorreste todas as variantes enquanto
actor. Do teatro à televisão, e, havia uma
tal química, entre ti e o espectador, qual
gesto já não nos punha a rir a plenos pulmões?
Jamais te esqueceremos, meu querido amigo,
Raul Solnado, artista de fino trato e connosco,
vida fora levaremos, teu belo pensamento:
Ah, e façam-me o favor, de serem felizes!
Jorge Humberto
09/08/09