Meu corpo é uma flor já sem perfume
É como papoila em seara perdida
Como orquestra velha se assume
E tão pouco espera da Vida!
Como um velho piano desafinado
Solitário violoncelo, ou violino triste
Vagabundo dum já longo passado
É incapaz de recordar que ainda existe.
É agora como licor doce e forte
Solta as lágrimas sem saber porquê!?
Quer impedir o chegar da morte
Dá conta da mudança, quando ao espelho se vê.
De braços cruzados meu corpo assiste a tudo
Até aos meus sonhos inventados
Aos gestos e palavras sem sentido. Mudo!
Com sentimentos de impotência, angustiados.
Meu corpo tem truques de sobrevivência
Na cabeça palavras que a ninguém importa!
É chegado o aproximar, o fim da existência
Desta papoila perdida em seara, quase morta.
rosafogo
Na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira.
Johann Wolfgang Von Goethe