No primeiro dia o TODO era silêncio e não houve
comunicação,
a mãe não chamou ao filho pela manhã,
o padeiro não anunciou o pão,
a rádio calou-se.
Pois, falar não havia como...
Os trabalhadores "aceitaram" seus magros proventos...
O mercado não reclamava preços abusivos,
feiras silenciosas em dia silencioso...
Pois, falar não havia como...
Os namorados, em silêncio total, olhavam a lua prateada...
O padre não disse a missa...
O pastor não realizou o culto...
O jesuíta não pronunciou sua oração...
Pois, falar não havia como...
Naquele dia o marasmo foi total,
algo havia de ser inventado e ninguém sabia inventar...
Pois, falar não havia como...
Esse dia foi de monotonia, pois não conheciam as
palavras.
Para Raul...
Augusto de Sênior
(Amauri Carius Ferreira)
(FERREIRA, A. C.)
Professor de Língua Portuguesa, Literaturas, Redação e Leitura, poeta, contista, cronista e romancista.