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Uma estranha descoberta

 
Uma estranha descoberta
 
Foi numa tarde bastante calma e solarenta de Agosto que as pessoas que frequentavam a Praia da Rainha deram pelo estranho aparecimento daquilo que á séculos atrás, ninguém conseguiu seguir-lhe o rasto.
Algas e limos da maré,iam surgindo alguns velhos pedaços de madeira, que pareciam ter pertencido a uma embarcação de alguma dimensão.

As autoridades marítimas, chamaram alguns entendidos ao local e após algumas investigações e pesquisas,concluiram que aqueles destroços teriam outrora pertencido a um antigo barco Inglês que fazia a travessia por aquelas águas no século XVII e que desapareceu sem deixar rasto.
Para insatisfação dos banhistas, rapidamente toda a praia foi interdita. Foram então colocadas redes em toda a extenção da praia, para não permitir que alguém se aproximasse daquele local.

Apesar de tudo,os destroços que restavam daquele barco,pareciam ainda estar em bom estado de conservação.Com a chegada da noite e com a praia completamente deserta,Daniel um rapazinho muito aventureiro e curioso como é normal para uma criança de oito anos,conseguiu convencer as duas irmãs mais velhas a irem com ele cuscar os trabalhos de escavação que decorriam na praia.

Quando Daniel chegou à praia com as irmãs o cenário era fascinante. A lua deixava ver tudo, como se fosse dia. A maré estava vazia, deixando a descoberto o corpo do que outrora fora um gigante dos mares.

Os pequenos acharam estranho, não estar ninguém a fazer guarda ao local. Talvez por ter apenas passado pouco tempo fosse a sua explicação,pensaram.

A porta de acesso à vedação,estava aberta e os três irmãos não tiveram qualquer dificuldade em entrar no recinto.

Descalçaram os ténis para não molharem os pés na água salgada e puderam assim satisfazer as suas curiosidades mais de perto. O cheiro que vinha do barco era muito desagradável e com a maré vazia ainda tinha mais odor. Podia ver-se o convés do barco. O Daniel abaixou-se para apanhar o que parecia ser a tampa de uma garrafa que pelo seu aspecto ainda aparentava ser nova dado a falta de corrosão da água salgada. Ao limpar a tampa da areia e limos o pequeno soltou um grito de grande surpresa:

- Olhem o que eu encontrei!
Isabel e Graciete apressaram-se a olhar para a palma da mão do irmão. Era inacreditável o Daniel tinha acabado de achar uma moeda antiga de ouro. Dado o seu peso não haviam duvidas.
Graciete e Isabel resolveram então também tentar a sua sorte. Esgravataram com as suas mãos o local onde o pequeno encontrara aquela moeda mas não tiveram sorte.

Apesar de tudo, estavam muito felizes. Sempre tinham encontrado algo que fazia inveja a qualquer arqueólogo e apesar de tudo uma recordação daquele barco.
No dia seguinte o aparecimento do barco conjuntamente com os seus destroços foram noticia em quase todos os jornais do país.
Daniel leu que o governo Inglês após saber daquela sensacional notícia pretendia resgatar o seu navio e expor num museu em Londres o que restava daquela embarcação.

Foi então sabido, que aquele navio quando desapareceu levava consigo um carregamento de moedas de ouro que pertenciam ao rei e que pelos registos da época, fora assaltado perto da costa portuguesa e desde aí, não mais fora visto.
Os três irmãos ao saberem de todas estas notícias, resolveram então tomar o seu pequeno-almoço rápido e voltar à praia da Rainha para acompanharem de perto os desenvolvimentos do resgate do barco da água.

Desta vez não tiveram acesso ao local. As redes que estavam anteriormente a separar o local, foram substituídas por uma outra vedação que não deixava ver absolutamente nada. Tinha terminado ali a possibilidade de qualquer curioso ver a remoção daquele gigante de outros tempos.

O Daniel segurava com força a moeda de ouro que tinha dentro do seu bolso. Decidiram fazer o caminho de regresso para casa mas desta vez por outro sítio. Passaram então no bairro da Fonte Nova que estava a ser alvo de requalificação da rede de esgotos. Nada de especial se na altura uma máquina que abria uma vala não tivesse posto a descoberto um enorme túnel por baixo da estrada que dava acesso a uma das ruas por onde os pequenos tinham obrigatoriamente de passar.

Tratava-se de uma passagem secreta que ligava a cidade ás praias. A Isabel e a Graciete não tiveram coragem de espreitar lá para dentro mas o Daniel não se incomodou com aquele estranho acontecimento e espreitou conjuntamente com outras pessoas que por ali passavam na altura. Estavam então quatro esqueletos sentados a uma mesa quadrada de madeira com um tabuleiro de damas sobre a mesma, dando a sensação que aquelas pessoas teriam morrido ali quando estavam naquela posição.

Haviam por todo o lado, moedas de ouro iguais à que o Daniel tivera encontrado junto do velho barco e que ainda transportava consigo.
Talvez aquelas criaturas pelos seus trajes antigos, fossem os salteadores do barco que aparecera na praia da Rainha e que ali permaneceram escondidos até se dar a macabra descoberta.

Gabriel Reis


 
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