Poemas : 

A minha vida pelo tempo fora

 
Quando andava nos qualquer coisa,
cheio de berlindes e rebuçados
que me faziam os bolsos inchados,
comecei a andança para agora
pondo uns olhos esbugalhados
na ponta mais alta do meu espírito.

Chegado a alguns depois dos dez,
no sétimo sonho de um céu adolescente,
recebi em definitivo talvez,
um embrulho de promessas rebeldes,
que me dizia de fragmentos de liberdade
e que as flores vão sempre morrer.

Por volta dos vinte e qualquer coisa
compreendi que os dias fugiam
e pedi uma audiência ao vento,
só para lhe pedir que parasse...
e com ele, o tempo,
que era preguiçoso, suave e lento.

Por altura dos trinta e muitos
ainda tenho esperanças e medos,
escrevo palavras e canções
e lembro-me de um futuro passado
que pendia para os dois lados
e me fez pedinte numa praia de ouro.

Por conta dos vindouros
receio ficar muito velho para viver
ou muito novo para morrer...
talvez ainda consiga andar à velocidade da esperança
e sentar-me no reflexo de um espelho
a ler canções numa explosão de silêncio.

Valdevinoxis


A boa convivência não é uma questão de tolerância.


 
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Valdevinoxis
 
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Enviado por Tópico
Mel de Carvalho
Publicado: 13/06/2007 11:43  Atualizado: 13/06/2007 11:44
Colaborador
Usuário desde: 03/03/2007
Localidade: Lisboa/Peniche
Mensagens: 1562
 Re: A minha vida pelo tempo fora
talvez ainda consiga andar à velocidade da esperança

Diz-me, Val: a que velocidade anda a esperança? é uma média determinada ou varia de acordo com o vento?

Pois, meu amigo... acho que o vento aqui perto da Berlenga é muito estranho... não permite grande velocidade...

Já tinha saudades de te ler...

Um abraço, amigo Val

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 13/06/2007 11:51  Atualizado: 13/06/2007 11:51
 Re: A minha vida pelo tempo fora
Estava com medo que o meu comentário não fizesse justiça à alma que vive dentro do poeta e desse poema em particular...mas depois vi o comentário da Mel e como era nesse verso que eu queria pegar, decidi arriscar:
Quem escreve assim sobre a sua vida, à velocidade da esperança, não tem que ter medo do espelho nem do silêncio.
Nota: Mel, em sonhos vejo o Val a pedalar uma bicicleta com o cesto cheio de poemas. Ele lança-os ao ar e as moçoilas apanham-nos no rastro da roda...
A velocidade do meu sonho tem o conta-klms na bicicleta do Val.