Li-te ao relento daquela noite
Palavras sublinhadas na aragem
Breves pensamentos feridos
Constantes indefinidas na soltura de um abraço
Li-te poesias inacabadas
Desejos amordaçados por uma fome maior
Breves toques em olhares irrequietos
Prazeres permitidos em momentos cúmplices
Li-te com uma avidez inquietante
Enquanto os meus olhos tocavam as estrelas
E os teus a imensidade dos meus
Li-te memórias perpassadas
Amores esquecidos na correria do tempo
Ultrapassados por uma ânsia crua
Bebi dos teus lábios o licor da madrugada
Ancorei no cais do teu seio
E sonhei, sonhei ler-te o amor que escondes
A paixão ansiosa, o desejo que arde
Li-te naquela noite, a nossa noite
O nosso amor descarnado por saudades
Li-te, meu amor
As palavras que nunca te direi
As saudades que nunca desejei…
Bruno Carvalho