Sem celas,
Sem algemas,
Sem chaves.
Trancafiado em mim
Um coração pulsante,
E incandescente,
Ateando fogo
Na consciência cristã
De outros.
Calcificando o ultimo suspiro
Do dia claro,
Sol alto,
Sonho finito.
Escrevo em papiros
Mensagens codificadas de sol
Nesta aurora escura que permeia minha retidão.
Retidão que agarra meu tornozelo,
Meu calcanhar de Aquiles.
A minha fraqueza que subjuga o poder de rebelar-se,
Como se o poder fosse tudo
Que eu não queria possuir.
A contenção...
O autocontrole...
O domínio.
Cantava canções
Com mensagens tortas
Para enganar meu ego,
Para conseguir ludibriar
E arrancar meu coração ainda pulsante.
Matar sonhos é o meu quinhão.
Não compreenderia o litígio
Em estocadas tento matar um coração
Que afagaria com paixão
Se não houvesse como ferir outros.
"A maior riqueza
do homem
é sua incompletude.
Nesse ponto
sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou
— eu não aceito." Manoel de Barros