Onde está o meu amigo
Que aqui, só, me deixou
Foi ao encontro do perigo
No bico da águia voou.
No bico da águia voou,
Em muitos fios amarrado
E o sangue em mim parou.
Onde está o meu amado?
Onde está o meu amado,
Onde está o meu senhor?
P’ra longe foi transportado...
Longo o caminho da dor.
Longo o caminho da dor
De minha alma solitária.
Ergo a voz num clamor,
Dela, faço emissária.
Dela, faço emissária,
Dela faço meu penhor,
A vida, de mim fez pária,
De mim não posso dispor.
De mim não posso dispor,
Esvaída toda a força.
Quedo-me em triste torpor
Pobre e ferida corça.
Quedo-me em triste torpor
Espero teu doce olhar,
Quero sacudir o langor
Que me faz desesperar.
Que me faz desesperar
Enquanto a sonhar espero
Fitando os raios do luar,
Pois a ti, amigo, quero.
Conceição Paulino