Tu eras o sonho de um vida reflorescida
na enormidade de dois corpos de abraços a
alagarem-se em ternuras de ventos e bridas…
Para além do Cosmo, para além do espaço,
numa fome infinda,
numa sede infinita,
de nós,
numa fonte incerta,
na avidez da minha boca, sequiosa, aflita,
na saliva da tua boca
de jogral e de eremita, louca,
nas sílicas e nas poeiras universais
de empedernidas estradas, logo por nós revestidas
em searas celestiais na placidez de algodão.
Eras o alarido de batuques, de martelos,
de tambores, ritmados em uníssono aos meus ouvidos;
Eras estandarte, pavilhão edificado,
no porto aberto dos meus aprisionados sentidos;
Vela latina de um barco em rola
numa onda de silêncios fundos, pesados…
de ecos supliciados de outras vidas.
Eras a voz das tardes
quentes;
Eras o lugar dionisíaco e adoçado do pecado;
O sino que me bramia ruidoso por dentro,
na voz dos gestos,
na voz dos afectos,
no corpo solto, em linguagem de chamas.
Eras o Oceano azulado, ondulado no desejo de amanhecer
verde, arpoado nas meninas dos teus olhos,
sequiosos de te verem a navegar, amado,
no prado do meu olhar.
E sendo tanto, e sendo tudo, fechas-me aberta
a porta do teu mundo...
Como é que se mata um sonho?
Como é que se amortalha o grito a palpitar de amor?
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