Felizes os que têm consciência da sua espiritualidade.
Verão que a carne é o alívio momentâneo dessa sorte.
Eu fui agraciado com tal achado
E lutei vorazmente para matar o homem
e alimentar o Deus.
Fui lavoura da munição silenciosa dessa guerra
Fui o esteio deste templo
Da veneração sacra do proibido.
E pendurado em cada coluna,
Desenhado em cada mosaico
O real ídolo.
Símbolo das deidades hodiernas
diametralmente passadas -
O profano.
E riam-se da fuligem
que impedia o cumprimento natural
da cobiça herdada.
Sim! Jamais escolhida.
Imposta.
Caro imposto sobre a ode dos sentidos
que montavam como Tangram
O cancioneiro do desejo.
Melodia impura
Tocada em tabernas
Inaudível aos eruditos
Mas sussurrada por eles em cantos de sinagogas.
A Transgressão em seu estado puro,
Lírico,
Não vem de lupanares,
Com toda a sua carga de culpa,
Mas da negação mundana do corpo.
"A maior riqueza
do homem
é sua incompletude.
Nesse ponto
sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou
— eu não aceito." Manoel de Barros