Uma menina sentada na frente do seu computador sonha com todas as possibilidades que a maravilhosa maquina que parece abrir um buraco ao mundo pode lhe oferecer. Com esforço ela olha atentamente para dentro da "janela" para não correr o risco de perder nada. Ela pode ouvir claramente as palavras ditas em todos os tempos e se da conta que a janela também é um túnel do tempo!
Ela vai olhando de buraco em buraco e às vezes até consegue ouvir seus grandes poetas sussurrando, escrevendo que amor e sonho são duas coisas que realmente valem à pena! E realmente amar e sonhar são coisas que ela poderia passar o resto da vida fazendo...
Mas então em um frágil minuto, daqueles minutos muito frágeis, e capazes de romper um mundo inteiro de magia, empurra novamente os grandes poetas para os seus túmulos, eternos túmulos, e diz que a vida é coisa pratica, por que a realidade é pratica, pratica e fria...
E toda a aflição é afinal perceber, que a imensa tristeza da tarde não veio só do livro que acabou de ler, que sua eterna magoa não se concentra em odiar o autor por ter feito a pobre menina judia morrer na Alemanha de Hitler...
A dor é afinal perceber que umas infinidades de pobres meninas morreram na Alemanha de Hitler, e nem todos os seus sonhos e nem todo o amor que tinha pela vida, foi capaz de salvar, por que para elas alguém simplesmente decidiu que os seus sonhos e amores não valiam nada e que a vida era algo opcional...
A maior dor é afinal perceber que tantas outras crianças (algumas já crescidas e envelhecidas), são descartadas, como velhos papeis em terrenos baldios, e que todos os sonhos que ousaram sonhar e todos os amores que ousaram amar, vão ficar como lacunas que um tempo, uma vida, um mundo, que pessoas vão apagar...
E a menina sentada na frente da maravilhosa janela percebe-se patética, e descobre-se vivendo sobre uma utopia de onipotência, com seu sorriso amarelo de quem na verdade nada pode...
Laine
Layne