De Lorean
Árvores,
Galhos frágeis,
folhas desprendidas!
Chão forrado,
cachorros e crianças!
Dois velhos!
Dois sorrisos formados,
por dentes que muitas vezes,
rangiam na raiva diária de uma vida triste!
Um rio,
de janeiro ou junho não sei dizer!
As mãos nos cabelos,
não tão pretos quanto foram!
As bocas,
já não beijam-se com tanto pavor!
Antes dão sinais,
de que tudo,
realmente valeu a pena!
Um banquinho,
tão frágil quanto os velhos...
E as crianças,
com tudo aquilo que,
nelas sobra e no resto falta!
Gritam e brincam,
engalfinham-se...
Os olhos dos velhos,
qual seus donos,
são mais serenos...
Menos revoltos
que n’outras épocas!
Esforço-me em reparar,
se os filhos e netos meus,
biologicamente,
também são seus...
Em vão!
E sorrio um sorriso besta...
E em seguida uma larga,
e deliciosamente jovem gargalhada!
A graça?
Ora, ainda insisto,
feito muleque,
em querer ver sentido em tudo!
Esse ímpeto...
Essa ânsia!
Sabe?
Vejo-me daqui,
dos dias atuais,
a olhar-te no futuro!
E sabes do que sei?
Ainda és linda...
Linda, inclusive,
como jamais fora!
Aninho-te em meu ombro...
Não falamos nada!
Apenas carinhos!
Te seguro pelo pescoço,
e meus olhos,
mudos,
te perguntam...
Valeu a pena?
Tu pensas...
Fecha os olhos,
arruma os agora brancos cabelos...
Olha para o céu e...
Abre aquele largo e indescritível sorriso...
Eu sorrio também!
Sorrimos juntos...
E sábios,
já ao final da jornada,
compreendemos...
Que falar não resolve...
Me seguras e sussurras:
- Te Amo!
Eu olho-te e respondo:
- Te Amo!
E voltamos nossos olhares,
para as crianças...
As brincadeiras...
A grama...
O parque...
Nós...
Está marcado?