Uma casa, toda ela de madeira, no fim de
um pontão, fundeada e assente, por grandes
troncos de árvores, na areia do mar, seria aí
que eu gostaria de fazer,
minha vida quotidiana e sem pressas.
E por entre o ranger da ponte, carcomida pelos
ventos e o sal marinho, no caminho de casa,
o mar era por demais convidativo e a plenos
pulmões corria, usando o peso de meu corpo,
para de seguida mergulhar, nos azuis das águas.
Janelas sem cortinas, sempre abertas, assim a
porta de minha humilde casa, por vezes
pareciam chamar-me, para cuidar um pouco
de sua velhice, tapando buracos, fazendo-me
atentar, principalmente, no velho telhado.
Saindo do mar buscava então madeira e pronto
trazia-a, para dentro de casa. Passo a passo,
com toda a dedicação e grato esforço, reforçava
as partes mais débeis e necessitadas, como eram
os casos das telhas soltas e do próprio pontão.
Por pouco dinheiro e algum do peixe, que todos
os dias pescava, junto de minha casa, consegui
o que se pode chamar de um bom negócio, ao
adquirir um barco a remos, da parte de um velho
amigo, tendo-o atado a um dos pilares da ponte.
Desde aí que todos os entardeceres, soltando o
barco, remava bem até ao meio da linha do
horizonte, envolto de mil cores e suaves olores,
enquanto ansioso esperava mais um pôr-do-sol,
observando, ao longe, altaneira, a minha casa.
Jorge Humberto
28/07/09