MARÉS
Desenho figuras na areia com os pés
Alcanço o fundo da solidão
Vou deixar o destino traçar as marés
E os sonhos deslizarem p'los dedos da mão
Do céu, nada vem, nada cai!
Efémero capricho é esta Vida!
Afogo as minhas angústias, a alegria se vai
Mas que desacerto este, me sinto perdida!
Perderam-se as figuras, o mar as levou,
A cada respiração, a cada arfar do peito
Ouço o bater quase surdo do coração que o tempo parou
E é neste meu viver, sem jeito,
Onde o tempo e os sonhos, são areia em crivo
Que, ergo a muralha, à maré em que vivo.
A onda, vem e vai, meu pensamento leva e tráz
Tão suave e intenso, fica meu sossego!
Que, a esperança corre, num silêncio de paz,
E volta de novo à vida, a força e o apego.
Tento levar avante, meu caminho até ao fim!
Com os pés na areia, traço novas figuras,
A maré as levará, e a mim?
Me deixará a sós? Com minhas amarguras?
rosafogo
Na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira.
Johann Wolfgang Von Goethe