Tranquila e doce a seara de trigo
Dourada em arte e amor ao sol-posto
De linho oscilam velas sem abrigo
Em barcos dados ao mar do desgosto
Um fruto rubro, maduro no cais
Com matizes de fome e saciedade
Um estuário de limos e corais
Ancorado ás esquinas da saudade
Pendurada nas vãs crinas do vento
Por entre brumas do céu padacento
Bem fundo ao abismo dos sentidos
Decifrei um fado estranho e secreto
Adejo de um amor, o mais dilecto
Redondel dos meus sonhos esculpidos
Nita Ferreira