Sonetos : 

Redondel

 


Tranquila e doce a seara de trigo
Dourada em arte e amor ao sol-posto
De linho oscilam velas sem abrigo
Em barcos dados ao mar do desgosto

Um fruto rubro, maduro no cais
Com matizes de fome e saciedade
Um estuário de limos e corais
Ancorado ás esquinas da saudade

Pendurada nas vãs crinas do vento
Por entre brumas do céu padacento
Bem fundo ao abismo dos sentidos

Decifrei um fado estranho e secreto
Adejo de um amor, o mais dilecto
Redondel dos meus sonhos esculpidos

Nita Ferreira

 
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NitaFerreira
 
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