Que estranha forma de vida
que forma estranha de viver
quis o teu coração
ansiar tanto morrer
cheia de penas!
cheia de penas viveste!
cheia de ânsia
e com ânsia de amar morreste
Mas que fado mal fadado
teu destino ditou
que loucura dilacerante
o teu coração traçou
viveste de loucura em loucura
caminhaste no lado errado da vida
o teu amor no cantar do fado perdura
pois tua alma deambula perdida
Era na virgem do carmo
que a tua esperança apostava
mas foi Deus que te pôs no peito
essa voz que encantava
saudade e ternura
desgosto e alento
foi Deus que te pôs no peito
todo o teu talento
Foi no mar que viste o teu horizonte
era a praia o teu ladrilho
O barco negro da tua vida
dos amores que nao estavam contigo
Os amantes do Tejo!
esses carrascos do teu coração
ditadores da tua alma
e algozes devoradores da tua ovação
Poetiza! Cantora!
amante da vida e da morte
mendiga! Sofredora!
pedinte envolta na má-sorte
Fadista! Boémia!
sagaz devoradora do mundo
sorriso afavel quando sofria
alma contrita no fundo
Presença sinzelada
pensamento aprisionado
desejo louco de ser amada
fê-la senhora do fado
Silêncio!
Apenas esse em teu lugar!
partiste na sombra do céu
coisa que o mundo nao pode mudar.
Não estas longe! apenas te cobre um véu
E teu nome? Amália é teu nome!
o que se ouvia,
o que ecoava no mar.
Por uma lágrima tua
que alegria
me deixaria matar.
RICARDO LOURO
Ricardo Maria Louro