Vejo pessoas com o olhar tão distante
Falta-lhes algo além do que já possuem
Falta-lhes vida, algo a mais a sentir
Vejo sorrisos falsos soltou ao léu
Sorrisos insatisfeitos com as coisas que vêem
Mas ante a frieza dos dias em que se vive, nada lhe basta
A não ser este sorriso mudo, sem vida, estático, que nada expressa
Vejo bocas que dizem barbaridades, amaldiçoam, denigrem
Palavras de ira, de revolta
Vejo que falta mais compaixão e piedade nos corações humanos
Diante de um mundo em que poucos são realmente dignos e probos
Em que poucos sabem o sinal de felicidade e do amor
E mais poucos ainda dormem com a alma limpa e a paz dentro da alma
Vejo que momentos são perdidos
Crianças são cada vez mais precoces e carentes de pais
Os sonhos cada vez mais longínquos
O amor mais comedido, frustrado e desejado
Vejo que muito se diz e pouco se faz
Muito se odeia e pouco se ama
Muito se critica e pouco se incentiva
Vejo que as pessoas não sabem mais acreditar no amanhã
E deixam de viver, de sentir, de serem mais além de si mesmas
Fecham-se em seu pequeno mundo
Calam as maiores dores e não sabem dividir sentimentos
Vejo que estamos na época do consumo exarcebado, da alma cada vez mais vazia
Onde está a poesia, a magia de ser e do existir, o calor, a brisa, enfim, a vida?
Onde está você que ainda sonha como eu, que ainda ama intensamente?
Onde está você que acredita no futuro, que luta, que persiste?
Porque não posso aceitar esta reles realidade, que me dilacera por dentro?
Não aceito esta mediocridade, esta falta de valores morais.
Quero viver com tudo que posso
Querer além de tudo, de mim
De meus anseios e de minhas próprias forças
Quero muito mais...
Porque simplesmente estou viva
E isso é o bastante, isso me basta
Para eu sonhar...
Porque o que vejo é muito pouco
Perto do que ainda sonho
E ei de sonhar sempre...
AUTORIA: FERNANDA CARNEIRO
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