Sento-me em frente ao computador e a única prova de que estou ainda vivo é a dor imensa que me invade a alma, sou um boneco de palha desfeito em farrapos sob os pés de mil exércitos, sou um coração perfurado pelos cornos de cem mil bestas, rasgado pelas garras de todas as feras desta terra, sou todas as árvores do mundo queimadas, sou todos os mares enegrecidos, os céus obstruídos, sou maior do que todas as dores do mundo, sou infinitamente mais pequeno do que a mais insignificante das alegrias desta vida, se o sofrimento fosse corpo eu seria gigante entre os gigantes, grande de mais para caber dentro das paredes deste universo. A minha respiração é pesada como se tentasse puxar com braços de seda todos os infernos escaldantes do submundo, os membros do meu corpo estão exaustos, sinto-me decepado por estas emoções, sou fatias de alma espalhadas pelas ruas nojentas de uma existência esvaziada de sentido, se sei que existo é porque todo eu sou um novelo de angústia, se calculo ter alma é apenas porque dela saem estas labaredas que me derretem por dentro, sou uma bola de fogo, como um sol, mas nesta dor apenas arde a mais pura escuridão.
Cada recordação tua é um soco no peito, hoje sou carne amassada, pisada por estes punhos, dentro e fora.
Não precisas de responder às tuas questões. Precisas é de questionar as tuas respostas.