Esse teu rosto é inconfundível
De olhar caído, reservado
E numa ausência desprezível
Em penitência, choras teu fado
Sem horizonte e envergonhado
Com lágrimas de sonhos traídos
Em planos e amores volvidos
Que a vida te tem ofertado.
E esse teu andar de pobreza
De espírito aos ombros, descaídos
Como quem carrega a tristeza
Como quem perdeu a certeza
De recuperar os velhos sentidos.
E essas tuas mãos inquietas
Que apalpam o futuro com medo
Num presente que não projectas
Para lá das paredes secretas
Que de tua alma fazes degredo.
E esses teus passos seguem o rodopio
De tantos pensamentos irresolutos
Que fazem de cada desejo um vadio
Em qualquer dia que repassa sombrio
Esse dom de propósitos devolutos.
Nas palavras que te ouço, revistas
E poupadas em curtas frases
Entendo mil histórias fatalistas
Com terminações pessimistas
Na realidade que contrafazes.
Reconheço-te em quem se lastima
Em ti me vi e assim já te conheço
Acontece a quem de ti se aproxima
Ficar sem um pingo de auto estima
Para desfrutar da vida com apreço.
Em oposição a qualquer felicidade
Tu existes e resistes vazia de nada
Mas num injusto atentado à verdade
Ainda te confundem com a nobre saudade
Palavra de esperança pelo amor exaltada
bloackt:
Nascer para ser feliz