penso nas nuvens que se convulsam lá fora,
espreita-las poderia se à janela fosse e
via muito mais que só as nuvens.
agora não, talvez daqui a uns minutos
me possa mexer e da janela ver
as nuvens nervosas bem mais altas do que eu.
secalhar mais logo, quando menos cansaço sentir
e a janela me apeteça abrir,
não só para ver as nuvens mas
também os olhos brilhantes acompanhados por elas.
não neste momento, estou vigorosamente ocupado
a pensar que pensei ainda há poucos segundos
que não quero, agora, ver as nuvens
no céu para lá do olhar contra o tecto.
mesmo que desocupado estivesse,
à janela não ia, porque na sombra do pensamento
desenho a ideia que se existisse vontade
eu estaria a pensar em contradições e
não me levantava de qualquer modo.
sempre em contradição este turbilhão de ideias,
ainda é dia e o céu está limpo,
não percebo a criação destas paisagens,
destas possíveis acções e
deste limite nublado na minha cabeça.
o céu é o máximo infinito quando
não é substituído pelo mais simples pensamento.
Hugo Sousa