Epílogo
Queria não ter que sentir saudades. Queria ser boa o suficiente para não me chatear com Deus por ele ter me tirado você.
Você! Ainda ouço seus passos na nossa casa. Ainda sinto o cheiro do teu jardim. Não pude cuidar dele. Mas tem outra pessoa cuidando por mim.
Diz... Quando tua ausência vai deixar de doer? O que dói mais é a forma estúpida como tudo aconteceu.
Pela primeira vez percebi como a natureza está presente em nossas vidas. Você sempre dizia isso. Acho que nem em você prestei atenção. E agora, é tarde. Acho que não te amei como você merecia ser amado. Hoje quando acordei, abri a janela e ouvi alguém dizendo essas palavras: ‘É cedo pra dizer adeus! O sol ainda lança seus raios sobre nós. Vencemos as barreiras da poeira, dos retratos velhos, das teias. Então por que tanta pressa? Não precisamos preocupar-nos. Nem com enxurradas, nada. É tempo pra vencer os medos. É tempo pra quebrar antigos costumes. É tempo pra enterrar velhos e novos temores. Dê uma chance ao sentimento. Não feche a porta dos sonhos. Não feche os olhos pro horizonte. Ei! Escute com atenção, a fome pode ser combatida, a miséria, a ignorância pode ser vencida. Mas, meu bem, um pássaro com as asas mutiladas, jamais torna a voar. Fique no seu ninho, até que o tempo te ajude a sarar a tua última cicatriz.’
Quando ouvi isso, percebi que não era um alguém, mas eu. Eu fui tocada pela beleza do mundo. Vi que me render a essa dor é egoísmo. O mundo tem tudo que preciso para ser feliz, e você meu amor, estará sempre aqui comigo, no meu coração, eternamente.”
Apenas uma pessoa que usa a literatura e o cinema para fugir desse mundo cão. Escrever é apenas um ato e exercício de liberdade!