QUANDO MÃOS SÃO ROSAS
A natureza foi pródiga para contigo
Deu-te coisas que são rosas
Baixelas preciosas
Que proliferam entre espinhos
A natureza dotou-te
Com coisas mimosas
Feitas pedaços de ti
Que te conferem
Os poderes
De ouvir, ver e falar
De rir, chorar e até cantar
De ser feliz e amar
Enfim
Semeou rosas no teu jardim
Mas a natureza deu-te mais
Por ventura
Prosaicas aparentes coisas
Deu-te mãos
Imaginem mãos
Com estranhas protuberâncias
De uma maleabilidade infinita
Prodigiosas mãos te deu
Fontes de carícia sem fim
Tornadas também
Rosas do teu jardim
Porque capazes de realizarem
Coisas que nunca sonhaste
Coisas que há muito esqueceste
Coisas para que já te não sobejou o tempo
Mas agora novos trunfos
Que te enchem os olhos de surpresa
Aos outros encantam
E me fazem acreditar
Que com as próprias mãos nós podemos
É nos dado o direito de sonhar.
Antónius