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Elementos: Terra

 
 
Esta é a terceira parte de um total de cinco.

“A sete palmos do chão!” _ argh!!_nunca gostara dessa frase. Ele odiava tudo que se referia a morte, e ali estava, entre tábuas de mogno. Na lápide seu rosto. A terra úmida. “Não! Não o coloquem nesse buraco!” _ ele não saberia voltar. Os vermes o decomporão, e só restará pó. A palavra se cumpria. O homem da terra a terra voltava. Mas, por que tão cedo?! Por que antes dela? Por que tinha que ser feito daquela matéria fraca, tão vulnerável?

O epitáfio em relevo. O dedo percorria as letras, cada uma delas. Se fora, a terra o tragara. Estava tão perto e tão longe!

Que terreno agourento! As flores não cheiravam, era sombrio, existia até nevoeiro! Definitivamente não deveria está ali. Devia ter mandado abrir a cova no jardim. Aquele que ele cuidou com tanto esmero. Entre suas rosas, margaridas, copos-de-leite... Ali, ele estaria muito melhor.
__ Trouxe flores, você gosta mais delas, do que eu. Vamos, pegue! Logo começará a chover. O vento está despetalando-as. Você não as quer? Seu ingrato! Eu também não gosto disso. Esse lugar não foi feito ,para você. Mas quem foi que quis vir para cá? E nem me chamou! Ingrato! Egoísta! Sempre pensando só em você!
Viu as ondulações do terreno irregular, a visão embaçava. Tentava sorrir, mas nada contribuía para isso.
__ Não pense que quando chegar a minha hora eu virei para cá. Não, você me expulsou. Estamos separados para sempre!

Um estalo. Olha pro lado. É apenas uma árvore semi-viva quebrando-se com o balançar do vento. Voltou-se. Há uma alteração na lápide. O vidro quebrara-se.
__ Hei! Não faça cena. Foi você que quis assim.

Levanta. É hora de partir, mas uma força a puxa. A terra é fofa, não contribui. O sapato afunda na grama. “Droga!”. Cai.

__ Hei sua boba! Levanta desse chão! Como vai entrar na igreja, cheia de mato desse jeito?
__ Não me importo, é tão bom rolar na grama...
__ Olha a placa, é proibido!
__ Proibido pisar. Não tem nada dizendo que é proibido rolar na grama, e se fosse, seria muito mais gostoso. Poderíamos cava e ficar nos curando nesta terra gostosa, é medicinal, cave comigo!
__ Nem morto!
__ Pra onde vai quando morrer, não é para debaixo da terra?
__ Pra cá_ indicou o coração da mulher_ esta será minha morada, eternamente.
__ Hei moça! Quer ajuda, se machucou?
__ Não, obrigada.

Tem razão, ele está aqui. Não posso me separar dele. Embora queira isso. Não é justo! Ele está livre e eu presa! Pára! Não bagunça meus cabelos. Será que não percebe que eu não quero sorrir? Você é burro? Pare de soprar tão forte! E você aí, nem pense em cair, não antes que eu chegue em casa. Eu não vou mais chorar. Não vou!

“Mas por que o vidro se espatifou? Ele quer que eu fique matéria com matéria, alma com alma. Devo voltar.”

As flores estavam no chão. A chuva caía, levava-as para longe. Era ele que as repelia. Não queria o presente dela? Por que fazia aquilo?

“Por favor, não faça isso! Eu te amo! Veja, o vento, há tempos que tenta chamar minha atenção. Não ligo mais para ele. Estou encharcada, suja e a culpa é tua! Você faz mal para mim e não se importa mais comigo, acho que nunca se importou...”
__ Você gosta mais delas!!
__ Não é verdade! É você bobona que a tornará mais linda!
“Não enxergo mais nada. Está escuro, eu sou medrosa, esqueceu? Sim, vou colocá-las, mas não me peça para não chorar. Vou sim. Não tenho previsão de quando vou pára de chorar. Você esterilizou meu coração. Minha alma. Não germinará mais nada, nenhum sentimento. Você era tudo você era o humo... você se foi...

A Terra é pequena. Tudo me faz lembrar, meu coração é um terreno baldio, poluído, violentado. Vem ará-lo como fazia com o seu jardim. Venha semear o amor, arranque essas ervas daninhas.

Tenho que ir... Ainda há o sol. Ele há de esquentar minha alma.”


p.s. este texto está incompleto, falta o quarto elemento e a epígrafe, postarei em breve!


Apenas uma pessoa que usa a literatura e o cinema para fugir desse mundo cão. Escrever é apenas um ato e exercício de liberdade!

 
Autor
Helayne
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