Quería eu, no chão ver os meu pés,
quería eu, na selva ser rei,
quería eu, correr atrás do papel,
quería eu, escravo ser do real,
quería eu, o concreto e o metal,
quería eu, o conhecer e o saber,
quería eu, sem me envolver viver,
quería eu, o atingível alcançar,
quería eu, um nobre carrasco ser,
quería eu,
quería,
não quero mais,
não quero mais querer,
e rolar em nuvens de algodão,
doce,
louco, vociferando coisas desconexas,
irreais e mortais,
como chuva, enxorrada,
e pés descalços,
ladeira abaixo,
multidão ácima, correndo atrás do louco,
pega-o, já, pega-o!
Aperta mais, senão frouxa,
Louco não sente dor,
delíra,
tranca senão foge!
Multidões ensandecídas, correndo atrás do vento,
do inatingível.
Louco não existe,
sonha,
o sonho dos loucos, de jogar pedra,
em avião,
lá nas nuvens de algodão,
doce,
como chuva, mel,
cachoeira,
e corpos nús, melados,
insanos e precoces,
enfileirados, na forca, sufocados,
assasinados,
libertos!
E o mundo limpo,
e as almas sujas,
de açucar,
rolando em nuvens de algodão,
doce...