Poemas : 

Delírio

 
Quería eu, no chão ver os meu pés,

quería eu, na selva ser rei,

quería eu, correr atrás do papel,

quería eu, escravo ser do real,

quería eu, o concreto e o metal,

quería eu, o conhecer e o saber,

quería eu, sem me envolver viver,

quería eu, o atingível alcançar,

quería eu, um nobre carrasco ser,

quería eu,

quería,

não quero mais,

não quero mais querer,

e rolar em nuvens de algodão,

doce,

louco, vociferando coisas desconexas,

irreais e mortais,

como chuva, enxorrada,

e pés descalços,

ladeira abaixo,

multidão ácima, correndo atrás do louco,

pega-o, já, pega-o!

Aperta mais, senão frouxa,

Louco não sente dor,

delíra,

tranca senão foge!

Multidões ensandecídas, correndo atrás do vento,

do inatingível.

Louco não existe,

sonha,

o sonho dos loucos, de jogar pedra,

em avião,

lá nas nuvens de algodão,

doce,

como chuva, mel,

cachoeira,

e corpos nús, melados,

insanos e precoces,

enfileirados, na forca, sufocados,

assasinados,

libertos!

E o mundo limpo,

e as almas sujas,

de açucar,

rolando em nuvens de algodão,

doce...



 
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Lima
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