A UM AMIGO
Choram as pedras choram as gentes
Sentem-te a morte os campos e as flores
Sussurram mais tristes as águas das fontes
Saudosas lembrando teus velhos amores
No amanho da terra teus dias passaste
Ao labor insano caldeaste o pão
No mundo dos vivos saudade deixaste
Benquista saudade feita gratidão
Do teu estro a voz e o gesto se calaram
Do teu braço a força hercúlea feneceu
Teus passos já se não ouvem, se quedaram
Foi um homem que foi homem que morreu
Às entranhas da terra que idolatraste
Se acolhe teu corpo inerte com estertor
Leve te seja essa terra que extremaste
Conheça a tua alma a mansão do criador
Antonius
(Amarante, Março de 1982)