Estamos no ano de 1889,algures numa bonita Vila piscatória a sul de Itália.
Banhada pelo mar Mediterrâneo, Vicentina convive com lindas paisagens, onde se pode ver o mar fustigar constantemente as suas rochas e as gaivotas gritarem sons ensurdecedores. Na praia os pescadores ocupam o seu tempo a prepararem as redes, para fazerem mais uma visita ao mar com as suas embarcações.
No Cabo de Vicentina, está construído um belo e imponente farol que apesar da sua idade, não parece ter sido nada afectado pelos vendavais e tempestades do mar. Contam os mais antigos verdadeiros lobos do mar, residentes na Vila, que em certas noites escuras de invernia, as tempestades assolavam a vila e surge nos rochedos do farol, um velho marinheiro Holandês com a sua lanterna acesa.
Em tempos, ali naufragou com toda a sua tripulação sem que tenha sobrevivido qualquer marinheiro.
Conta a história que a Vila, foi alvo de um temporal muito forte e ficou completamente isolada. O farol de Vicentina nessa noite, ficou ás escuras, o faroleiro sem se saber porquê, naquela malvada noite não se apresentou no seu posto de vigia para acender a tradicional lanterna.
Ainda hoje Vicentina chora os seus entes queridos que não foram poupados a essa trágica noite. O tio Rocco, um dos marinheiros mais velhos da Vila, afirma já ter visto por várias vezes nas noites escuras e chuvosas de vendaval, o velho comandante holandês erguendo a sua lanterna e gritando com a sua voz bem grossa a seguinte frase:
-Afastai-vos! Afastai-vos!
Tentava assim desta forma alertar os tripulantes das embarcações que por ali passavam, para não se aproximarem demasiado dos rochedos. Hoje quem passar á noite por Vicentina, poderá ver a luz forte do farol, mas também uma outra luz. Na parte inferior do farol, junto á porta de entrada está uma luz fosca em homenagem ás vidas perdidas nas trágicas noites de tempestade.
Gabriel Reis