(...)
IV
A cada passo que dou
analiso metodicamente o limite
das horas e dos dias
frios
Atónito cresço de mim
e de mim me interrogo
se vale ou não vale a pena
viver assim
os dias
V.
E caminho mudo e cego
a cada passo que dou e não dou
na busca do infinito
vazio
Amanheço ao ritmo do pulsar
do sangue
e tremo com medo de não me conseguir
definir
e arrefeço qual rígido rio
VI.
Pára-me a luz na retina
claramente vazia
Limita-se-me o pensar
e as lágrimas
rebentam em lagos de puro
cristal
Bebo da ilusão fria
o silêncio onde escrevo palavras
de pedra e sal
VII.
(...)
VIII.
Vertem-me da retina lágrimas
perdidas
Enchem-se as ruas de sombra
das estátuas paradas
Amanhece-me a noite
sangra-me do peito aberto
o terror sem luz
e da memória perdida
as feridas
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assinado pelo pseud Miguel Faia
dedicado ao poeta Fernando Echevarria