Ana, foi em tempos, uma cadela, entregue à
sua sorte, que eu acolhi, por entre o medo
do desconhecido e o barulho estridente,
da rua e dos carros, que a deixavam nervosa,
chorando baixinho, escondida, no seu
esconderijo provisório, que lá encontrara.
Seus olhos meigos, depressa chamaram-me à
atenção, e, apelando, a todo o meu amor,
Ana adoptou, uma posição, de subordinação,
como quando junto dos seus, e rastejando,
lá saiu, debaixo de um carro, aceitando minha
mão estendida, indo ao seu encontro.
Ana, era um animal bonito e muito bem asseado,
intervalando a cor de seu pelo, entre o preto
e o branco, nuns olhos, de uma cor castanha, que
mais pareciam, querer falar, de tudo e muito
mais, seu sofrimento, das ruas impuras. Porém,
chamando-a, acariciei-a, lambendo-me as mãos.
Daí em diante, tornamo-nos inseparáveis, e, para
onde quer, que eu fosse, Ana, encostada, às minhas
pernas, seguia-me, para todo o lado, latindo de
alegria, e, a todo o instante, olhando-nos, nosso
amor, tornava-se, cada vez, mais forte, e fazíamos
jogos, só nossos, sem incómodo, para as pessoas.
O nosso sítio favorito, sempre que possível, era um
campo, coberto de erva, com passeios, junto ao rio.
Então ainda manhã cedo, eu e Ana, saíamos , numa
correria louca, para ver quem era o primeiro a chegar.
Claro que, Ana, saía sempre vencedora, e,
recompensando, meu esforço, um pau me oferecia.
Entretanto, triste dia, se abateu, ao chegar a casa.
Ana, cheia de vida, com a liberdade, nos seus belos
olhos castanhos, tinha conseguido sair para a rua,
na minha ausência, e, atravessando, uma estrada,
fora colhida, por um carro… ante seu corpo chorei
e pelos filhos que perdera… pois Ana, estava grávida.
Jorge Humberto
11/07/09