Passo o tempo errante, a recolher pedaços da vida,
Fragmentos encontrados de um sentir que em mim flui.
Estilhaços compactos de memórias do que outrora fui
Espelhados inversamente nos contornos da aberta ferida...
Passo o tempo no tempo parado, a recolher pedaços de amor
Outrora inteiriço em mim, e mesmo quando acelerado avança o tempo,
Não muda a vontade, nem o ímpeto, e tão pouco a fidelidade do intento
Amo-te de um modo prolixo, ao ponto de sentir restos de alegria ate na dor...
E cada vez mais desesperado sinto que preciso de ti.
Mas conformo-me em ter de dormir sozinho,
Abraçando em sonho, a ilusão do teu carinho...
O sol penetrante da razão entra por entre rasgos no peito, contesto
O fazer-me réu, o condenar-me pelo que sinto pelo que sempre senti.
Mas que importa, se o amor em mim se renova com apenas um teu gesto...
Paulo Alves