Poemas -> Amor : 

A costela

 
Bate coração tolo
Bate filho pródigo da sabedoria
Bate...

Espanca o corpo pálido e aviltado
Surra a distinta consciência
E acalenta a licenciada ignorância do instinto

Palpitava-me os olhos
O som adstringente dos teus passos
Saboreava o seu cavalgar
Trazendo a insígnia da discórdia
Reluzente ao peito
E obscura aos meus sentidos

Roubava-me prazerosamente
Os anéis, as camisas, os sapatos
A dignidade e tudo mais.
Cantarolava canções druidas
E abocanhava a minha carne palpitante
Sangrava o meu último arroubo de liberdade
Após isso
Deixava-me no chão em hemorragias
Cravado nas costas um bilhete com a inscrição:
“Eu te amo”.


"A maior riqueza
do homem
é sua incompletude.
Nesse ponto
sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou
— eu não aceito." Manoel de Barros

 
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Cleber
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Enviado por Tópico
Egéria
Publicado: 05/11/2009 11:55  Atualizado: 05/11/2009 11:55
Usuário desde: 28/09/2009
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Mensagens: 947
 Re: A costela
Muito bom este poema..., aliás adoro a sua escrita.
Bjs.


Enviado por Tópico
Egéria
Publicado: 05/11/2009 11:55  Atualizado: 05/11/2009 11:55
Usuário desde: 28/09/2009
Localidade:
Mensagens: 947
 Re: A costela
Muito bom este poema..., aliás adoro a sua escrita.
Bjs.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 11/12/2020 13:53  Atualizado: 11/12/2020 13:53
 Re: A costela
Magnífico poema. Abraços poéticos!

Enviado por Tópico
Sergius Dizioli
Publicado: 12/12/2020 00:22  Atualizado: 12/12/2020 00:22
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Localidade: काठमाडौं (Nepal)
Mensagens: 2241
 Re: A costela
Muito bom. Teus versos me remetem a tempos antigos, com sua força, sua resiliência e apesar de tudo cheio de sentimento. Parabéns.