O Rio de janeiro já não canta, chora
A sua boemia ficou no passado
O samba já não chega até o romper da aurora.
E aquele bom malandro está aposentado!
E som daquela bateria atraente
Fazendo a arquibancada aplaudir de pé
E toda Mocidade alegre, Independente
Dançava ao som das mãos do grande mestre André
E hoje o que diria Paulinho da Viola
Do alto não se vê mais o céu de Mangueira
Findou-se a luz de um astro chamado Cartola
Não se maltrata o samba assim dessa maneira!
Podaram as asas da tal liberdade
Entristecendo os olhos da Imperatriz
E o negro que clamava pela igualdade
Abdicou o sonho de um dia ser feliz!
Já não se ouve o som do grande batuqueiro
Sem o amuleto o samba perde sua sorte
Se na avenida não passar o meu Salgueiro
Eu vou pegar um Ita e voltar pro norte!
Oh, Deus do samba diga, qual é o mistério
Que só faz definhar a alma descontente
Sem o pandeiro o que será do meu Império
Serrinha sem seu Jongo o que será da gente?
A águia adormeceu aqui em Madureira
E a sua velha guarda lamenta o futuro
Por não haver na roda um samba de primeira
Sem samba e sem Portela eu enlouqueço, juro!
A primavera é o Carnaval dessa cidade
E faz abrir os braços do meu Redentor
Apoteose é a rosa da felicidade
Que sempre faz feliz um lindo Beija Flor!
Marisa Rosa Cabral.
Publicado no Recanto das Letras.
04/07/09
Código de texto: T1681919
Falar de mim? O quê?
Sou tempestade em copo d'água... Besta feito uma égua que não se curva e não se dobra, mas, se tu me cobra, eu digo: Sou chuvarada de verão, deserto quanto sertão e ainda ando só, sozinho... Remoendo as mágoas que ninguém ouve e...
Bem, como toda boa carioca apaixonada pelo samba, vim trazendo meu lamento... O samba sofrendo a interferencia de novos ideais. E ao mesmo tempo, tolido pela violencia atual.
Obrigado pela visita.
Marisa Rosa.