Liso, sem qualquer desenho, fino para se partir facilmente
É ele a próxima vítima de mais um dia em que o coração entra em conflito com a mente
O melhor copo, o que esta guardado bem no fundo do armário
Silenciosamente para não ser desvendado o segredo do copo em falta no inventario
Deslizo e alcanço o vidro brilhante que vai cortar a minha ânsia
Volto ao meu covil, afasto-me do mundo e fico em máxima vigilância
Parto o copo como quem o enche e procuro a melhor talhada
A melhor, para conseguir de uma vez libertar o meu ódio e a felicidade falhada
Num primeiro golpe como quem o bebe sai uma primeira gota como o primeiro sorvo
Corto a sede a tristeza como um copo de água fresca no verão nada absorto
A gota que cai logo de seguida angustiada de tanto tempo presa, é a dor
A dor angustiada de tristeza e magoa que me pesava tanto por não lhe dar valor
As lágrimas caem como chuva num dia cinzento mas de muito calor
As gotas vermelhas mancham o vidro e na minha boca sinto o seu sabor
O sabor do sangue que me leva a perguntar porque estou a fazer isto
Porque a vida corre mal em algumas ocasiões e eu desisto
E enquanto mais sangue sai eu reflicto o quanto isto significa para mim
Tento pensar que não sou louca e que é preferível assim
O Silêncio inspira-me.