Penso no mundo
uma última vez,
não vou muito ao fundo,
para não me perder
uma vez mais,
em cumplicidades e medos,
como que o vento
em cabelos
que os leva
como areia que voa
abraçando o sal
que nada no mar
de simplicidade
em palavras e latas
nojentas e reais
nesta dura realidade
que se chama vida,
não procures saída,
apenas mais um caminho
mais um desvio
que não sozinho
nem num vazio
que nos esquece
e desvanece em pontapés
e pegadas marcadas
em lama e calçadas
da memória
que tento em vão
levar para outro dia
quem diria
que um dia escreveria
algo que não perceberia
mas que me sairia
como que ganhando asas
e voando livre
e como outro
que nos deixa
e como madeixa
que se destaca em cabelos
banais de momentos passados.
Ricardo Bento
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