Poemas : 

MORTE

 

A morte virá ao meu encontro
Virá sem prenúncios
Antes quero vislumbrar os urubus
A adejarem ao sabor do vento
E a devorar as carniças
As águias a rapinar os filhotes
As lavas incandescentes a sapecar as populações
Os carros engarrafados nas autoestradas
A névoa que cega os motoristas
A folhagem ocultando as panteras
As brisas que se transformam em furacões
E destroem as cidades
Os maremotos que expulsam os invasores do litoral.

A morte virá inadvertidamente
Numa tarde
Ou numa manhã de céu claro
Airosa para todos
Até para mim
Que transfiro aos outros
O peso e o alto custo de viver

Entrando no marasmo não mais me vejo
Não sinto um centímetro à frente
O soturno invade tudo
E eu nada mais sou.

O clarão está apenas fora
Lá tudo continua
Até que meus ossos sejam triturados
Até que os vermes deem cabo de minhas carnes
Muitos mundos se extinguirão
A terra com seu sadismo infrene
Simplesmente deglute as criaturas
Uma a uma.


JOEL DE SÁ
03/07/2009.

 
Autor
Joel Pereira de Sá
 
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