Vi quando a felicidade voou pra bem longe
Com os olhos de lince e as asas de bronze
Com as mãos de falcão acenando pra mim
Levou toda a fecundidade que tinha meu corpo
Fez ficar bem mais frio o suor do meu rosto
Vi corvos no deserto num grande festim
Eu que nunca tive medo de ser assaltado
Sei que a sorte um dia ficará do meu lado
Pra pelo desamor não ser surpreendido
Deixei que as balas passassem do lado direito
As flechas do cupido erraram meu peito
E o meu coração não será mais ferido.
Corri por montanhas e vales pelo teu carinho
Um Aquiles sem asas, um Pégaso sem arminho
Não caí no canion nem me congelei
Voltou com a meiguice que um dia cobrou o meu peito
Fez ficar mais macio o lençol do meu leito
Coroado eu fui com as pompas de um rei
Então a vida só castiga quando um desatino
Transforma a madrugada em um belo menino
E as sas de bronze são cera, eu sei.
JOEL DE SÁ
SP, 02/07/2009.