UM DEUS MENOR
Sou filho de um Deus menor
De um Deus que se esqueceu de mim
Que se não lembra que eu existo
Distraído, noutras coisas absorto
Acho que julga que eu esteja já morto.
Um Deus assim
Não é o que encomendei para mim.
Um Deus que consente a dor
Que inflige o sofrimento
Que consente que o tormento
Me perpassem o corpo e a alma.
Para quem o absurdo é coisa banal
Decididamente não é
O Deus que encomendei para mim
Mas às vezes eu durmo e até sonho o absurdo
Mas então melhor fora ficar quedo e mudo
Porque coisa bem diferente
É aquela que eu penso e espero
Deus é resposta e alento
Lenitivo para o sofrimento
Antítese do desencontro
Deus é Reencontro.
Antónius