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«« Saco de serapilheira ««

 
Esvaziaste quase tudo
Pegaste pelas pontas gastas e ressequidas
Deste saco de serapilheira, que sou eu
Sacudistes, até me da por vencida
Não vale a pena fazer prevalecer os meus ideais
Esses são meus, não me separarei deles jamais
Quando nada faz sentido, tudo fica amarelecido
Igual a papel envelhecido
Num sem fim de razões, que nada mais são que, frustrações
E depois…
Tentas arejar a consciência, tantas vezes numa postura
Em que te vês como vitima, escassa conveniência
Aponto a pertinência
A tua, que moldas cada situação, pela bitola da aparência
Pela insegurança, no teu próprio eu
Aponto a minha pertinência
Que me perco na derradeira tentativa
De te mostrar que nada é perfeito, muito menos
O incerto da existência
Mas tu não entendes, ou eu não te olho
Ou tu não me olhas e eu não te entendo
Assim passamos os dias
Tentando cada um puxar a brasa à sua sardinha
Pobres tolos, na tentativa de alcançar a derradeira felicidade
Matamos a essência num rosário de amargura
Que vai apertando o laço, subtil do fracasso
Acabaremos por seguir em contra mão
Cada um munido da sua razão, ataremos o saco de serapilheira
Com a corda da ilusão, de seguida atamos-lhe uma pedra
Para que ao afundar-se no mar do desalento, não mais se atreva
A subir átona de agua.
Finalmente dormiremos em paz.

Antónia RuivoOpen in new window


Era tão fácil a poesia evoluir, era deixa-la solta pelas valetas onde os cantoneiros a pudessem podar, sachar, dilacerar, sem que o poeta ficasse susceptibilizado.

Duas caras da mesma moeda:

Poetamaldito e seu apêndice ´´Zulmira´´
Julia_Soares u...

 
Autor
Antónia Ruivo
 
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