É surpreendente, como a fotografia,
por mais que queiram, jamais mente.
E numa curiosidade, que já se tornou
banal, a cada presença, de um novo fotógrafo,
os meninos, que de meninos, já nada
têm, aproximam-se, do homem branco,
de traços, deveras endurecidos, pela guerra,
sem um sorriso sequer, para a óptica.
Em cada olhar, de uma destas crianças,
está sempre bem presente, num silêncio
surdo, a morte, de mais um inimigo,
às suas mãos, ou o roubo de uma aldeia,
com todos os actos infames, de violência
gratuita, onde se inclui, a violação, levada
aos extremos, e, que, apenas, julgávamos
possível, a um homem adulto.
Então, há um prazer, que fica gravado na
fotografia, nos olhos de escárnio, nos lábios,
ameaçando, um desprezo, que não escondem,
enquanto a glória, não os abandonar, mortos,
numa poça de sangue, cobrindo toda a erva,
à volta de seus pequenos corpos, recuperando,
finalmente, a inocência roubada, pelos
senhores da guerra, esses monstros, impiedosos.
Jorge Humberto
28/06/09