Descreio dos que me apontem
uma sociedade sã:
isto é hoje o que foi ontem
e o que há-de ser amanhã.
Vós que lá do vosso império
prometeis um mundo novo,
calai-vos, que pode o povo
qu´rer um mundo novo a sério.
Depois de tanta desordem,
depois de tam dura prova,
deve vir a nova ordem,
se vier a ordem nova.
Há luta por mil doutrinas.
Se querem que o mundo ande
façam das mil pequeninas
uma só doutrina grande.
Que importa perder a vida
em luta contra a traição,
se a Razão, mesmo vencida,
não deixa de ser Razão?
António Aleixo
António Fernandes Aleixo
(✩ 18/02/1899 — † 16/11/1949)
Autores Clássicos no Luso-Poemas