paulo monteiro
enquanto este poema pequenino
parece desafiar o mundo astuto
eu vivo do meu susto afeito ao tema
que aperto contra o peito
antes que a terra me receba no seu ventre
e por viver dessa contradição
meu coração se afasta lentamente
como a buscar a eterna des-razão
do tempo em que eu já era o que não fui
e assim escravo de mim mesmo
escrevo minha própria história
no pó que sou e me eternizo
no pó que um dia hei de ser
e o ser eterno vir-a-ser há de guardar-me
serenamente no seu ventre e recolher-me
ao eterno retorno simplesmente
com a calma das coisas sem alarme
poeta brasileiro da geração do mimeógrafo pertence a diversas entidades culturais do brasil e do exterior estudioso de história é autor de centenas de artigos e ensaios sobre temas culturais literários e históricos