Num emaranhado de árvores e de frutos
rasteiros, cobrindo todo o chão,
de paus e de folhas e de frutas podres,
a meio a pedras, atrás de pedras,
fortes águas, vindas do cimo da montanha,
contornando as rochas, há muito,
crivadas, de imensos buracos, pelo passar
dos tempos, caem em cascata, num lago,
totalmente desconhecido.
Antes da desertificação, votada ao silêncio,
pelo homem, de pronto, a natureza,
chamou a si, este pedaço de terra, dando-lhe
nova vida. E, como recordação,
de que, um dia, vida humana, ali teve seu
espaço, ficou-nos uma cabana, toda ela
de pedra, com seu telhado, galvanizado, e,
uma única porta, de madeira sem janelas,
talhada entre duas árvores, com seus galhos,
cobrindo, toda e qualquer claridade.
Gostava de lá ir um dia e de limpar, todo
este lixo humano, tornando-o num espaço,
agradável aos olhos, de quem nos visitasse,
para se banhar, nas águas frias mas puras,
da cascata, que nunca deixou de cumprir, sua
função natural, correndo livre e de forma
espontânea, até alcançar o lago, mais abaixo.
Jorge Humberto
24/06/09