Serrote que serra madeiras!
Que serra todas em cortes!
Serra tão triste, as figueiras,
No corte sofrido da morte!
Em golpes serra toda a dor!
A dor de um sonho sem fim!
A dor de um dolorido torpor,
Que se esvai todo em mim!
No vai-e-vem dessas mãos,
Vai todo serrado, um sofrer!
E serrado assim, o coração,
Vai então melancólico viver!
As figueiras vão-se cortadas!
Os galhos vão todos caídos!
As dores, por si vão caladas,
E calam os anseios vividos!
A esperança dos meus dias,
Vai-se nos galhos serrados!
Vai-se toda em mim fugidia,
Fugindo assim do passado...
E serra serrote, todo o amor,
Na dor que me aflige calado!
E serrando, serra toda a dor!
No corte mais consternado...
(® tanatus – 23/06/2009)