Nesta prisão carregada de sentidos
De paredes e grades, em que envelheci
A ouvir os rouxinóis entre a folhagem,
Sinfonias de compositores desconhecidos,
Bandas sonoras dos filmes que não vi...
Mundos feitos à minha imagem.
Sussurro às pedras deste meu chão
Que nem vejo nem sinto...
Recordação dos tempos idos,
A alegria contagiante do meu irmão
À lareira, um copo de bom tinto,
Despiques de xadrez divididos.
Tento abrir os olhos... para nada,
Ouço o respirar ofegante de quem passa,
Cheiro o ar que nos faz definhar,
Apalpo uma lágrima chorada...
Tristeza que apaga a felicidade escassa
A vontade de voltar a amar.
Conto desordenadamente as horas,
Não sei se é noite, se é dia,
Primavera sem andorinhas…
Sinto agora o calor, quando coras
Essa tua vergonha vadia,
As tuas mágoas que são minhas.
Invento o olhar do Sol e da Lua,
O sorriso eterno daquela estrela,
O voar delicado da cegonha
Imperatriz de imponência só sua,
A guardar o ninho qual sentinela
Que dorme… sonha.
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma