é urgente
é urgente
varrer os sótãos bafientos
de passados descentrados
em lições perdidas de prazo
é urgente
comprar os dias vagarosos
e ler os instante magníficos da vida
sorvendo-os como água límpida
de um oásis distraído
é urgente
fugir do toque da batida cadenciada
que tenta enlaçar, sufocar e julgar
num inócuo ondular estéril e seguro
como cova inerte e escancarada
é urgente
cantar a ousadia, de rasgar o doce cerco de lamentos
rompendo o coro de intenções simpáticas e perdidas
e reconstruir, edificar e alavancar
cada pedra quebrada e descorada
por tombos fechados e datados
é urgente
suprimir, findar e combater, os pré conceitos
estúpidos e inúteis, de cor, origem e poder
comprados em saldo, ou oferecidos, como excelso tesouro
a quem não sabe o que é a essência da vida
é urgente
ouvir os silêncios, de concelhos sábios
que falam, do que a multidão não sabe,
nem virá a saber
e ensinam o segredo do que sou, o que quero
onde vou
é urgente
sentir sempre, um arrepio, níveo e virgem
em cada sorriso fácil e solto, oferecido por uma criança
e que me recorda, o inato construtor de sonhos
que sou, e serei
e sim,
é muito urgente
em cada passeio de mão dada
desenhar na brisa da tarde
um desejo, uma loucura, uma canção
e dizer sem pressa, num lento sussurrar
amo-te
RuiSantos