Quando penso em ti, a saudade vem e apanha-me desprevenida.
Surpreendo-me sempre que ela surge, não sei porquê, já devia estar habituada.
A imagem do teu rosto surge de repente à minha frente e descubro, em cada imagem, um rosto que é teu, mas sempre novo - num momento diferente - numa expressão especial.
O mesmo rosto, mas reflectido no espelho da minha alma.
E aí, surge a saudade!
Saudade dos teus lábios, em que forçadamente encerras um sorriso. Desenho perfeito, de um momento suspenso, que reflecte a alma, numa imagem estática do teu mundo interior.
É Surpreendente esse rosto que vejo!
Imprimo-o, pela milionésima vez na memória do tempo.
Guardo-o como a última recordação de um momento, que não nos foi permitido viver.
Os meus pensamentos planam em suspensão sobre a tua cabeça. Sentem-te e vêem-te mesmo à distância, como não sinto, nem vejo mais ninguém.
O teu rosto transmite uma serenidade, que não existe e que esconde uma guerra que grassa no teu interior.
Sempre foste assim, um insatisfeito, um lutador.
Procuras com essa imagem de tranquilidade, abafar a azáfama em que a tua alma se encontra. Estás em constante busca, em constante pesquisa de ti mesmo e dos outros.
Isso, por estranho que pareça, faz-me sentir saudades de ti.
Hoje, mais uma vez, tive saudades, saudades de ti e de mim.
Luz&Sombra