Faz tanto tempo...
A lua ainda era menina
Havia mel na boca da noite
No soalho, no chão
No agasalho
Tudor era suor
Tudo respirava amor
Que pingava como orvalho
Doce orvalho no coração
Há pouco se pôs o sol
Atrás de minha orelha
Noite amena vem
Olho pela janela do tempo
Graciosamente, uma garça
Batendo as asas, sobrevoa o rio
Caio num espasmo. Pasmo...
Passa novamente a garça
Disfarça a lembrança
Desenrola a tranças do tempo
E se vai.
Outra vez no final da tarde
A noite vinha trazendo
Fogo na taça de vinho
E o céu derramava estrelas
Estrelinhas como fogos de artifício
Centelhas de amor , ofício divino
Paixão que arde no final da tarde.
Passa o tempo...
Sopra o vento
E indaga carinhosamente
Cadê a lua, cadê o mel
Nos lábios rosados da aurora
Cadê o fogo da juventude?
Só vejo quietude!
Nenhum canto?
Ignoro, olho a gaiola e vejo apenas
As penas de meu pássaro canoro
Um canário amarelinho
Bico calado coçando a perna
Um sonho, uma lembrança apenas
Tudo se foi assim tão de repente
Como lembranças no final da tarde.
Chove, pinga e escorregam
Gotas miúdas como orvalho frio
Escorrem, molham e regam
E correm em direção ao rio
Ao cheiro de terra molhada
A natureza exuberante responde:
Solo repleto de frutas e legumes
Carinhosamente gerados em seu colo
Quant