Nemesis de espelhos,
Dormente nos veludos de um labiríntico leito,
Embalando no amplexo dos séculos por nascer
A urna do seu coração.
Fulgor de espectros bailando nas asas do corvo,
Ao compasso da embriaguez
Que entorpece o sangue em fragmentos de loucura,
Noites de baile no deserto
Onde o violino chora em arcadas de sangue.
Transmigração de luz
Por dentro da efémera carícia dos punhais
Onde os corpos se atravessam,
Íntegros e contínuos na comunhão do eclipse com a morte,
Tormenta de gritos ecoando
Na abóbada rachada dos céus emudecidos.
Contemplação de altares,
Leito de sedas dispersas no sudário da divindade,
Como um cântico de heranças escondidas
No secreto silêncio das veias amordaçadas
Pelo grito que brota dos dedos de Deus.
Semper Fidelis...
Carla Ribeiro