Roubando a terra à terra, a força do mar,
vai por isso esculpindo, a montanha,
desenhando, na pedra negra, gradualmente,
pedaços grandes ou
menos grandes, de rochas fragmentadas,
numa profunda assimetria e perfeita
debilidade, para com o resto, da paisagem,
ameaçando cair, nas águas, a qualquer instante.
As grades de ferro, a toda a volta, do alto farol,
que antigamente ficavam, a uma grande
distância, do precipício, neste
momento, aprestam-se a cair no mar, num
estrondoso ruído, de aço retorcido, enquanto,
o próprio farol e a casa, do faroleiro, se vão
debatendo, numa pequena linha, de terreno
arenoso, para não caírem, de vez,
rochedo abaixo, indo ao encontro, de uma morte
lenta, desaparecendo, nas águas revoltosas,
com suas ondas cavalo.
E por entre um céu cinza, fatalmente adivinha-se,
mais cedo ou mais tarde, qual o desfecho final,
se o homem, nada fizer, para mudar, esta situação,
recuando o farol, alguns quilómetros, mais para
trás, afastando-o do colapso da montanha, e,
levando-o assim, para terra firme, onde poderá
continuar a exercer, a sua digna e necessária,
função, orientando os barcos e seus homens, para
porto seguro, principalmente, em dias, de temporal.
Jorge Humberto
18/06/09