Dispo-me desta verdades inconsequentes e vazias
As primeiras horas de um dia debitam misérias
Falsas esperanças cravadas em faces desconhecidas
E como nos meus sonhos a vida desperta incerta
Vi-te ali no limiar da noite, entre a terceira e a quarta hora
A hora do adeus, da impossibilidade, do medo
As palavras atropelam-se por entre choros e lamentos
A realidade desperta-me para um pesadelo em forma de desejo
Dispo-me de sentimentos, perco-me na frieza do vazio
Amordaçado pelo desespero, abraçado pela dor
Fico mais uma vez sozinho, longe da verdade do amor
As tuas palavras soltas na incerteza do silêncio, o meu silêncio…
Quero ver para lá deste véu de desolação e medo
Quero ver de novo a verdade no teu olhar
Aquele olhar, aquela explosão interior, o teu amor
Fico abandonado nas asas de um sonho moribundo
Bruno Carvalho