Apenas vivo em poesia, sem a escrever.
Vivo em silêncio num mundo gritante.
E vivo num choro
Sem derramar uma só lágrima.
Respiro liberdade
Num mundo tão cheio de regras.
Vivo para as sensações,
Quando todos procuram explicações,
Análises! Entendimento nauseante...
Ah! Que lógica entediante.
Que sono de não entender,
Que fome e sede de apenas ser...
Existir e ser e nada, e nada mas
E tudo ser.
Isto sim, é poesia.
Mas finjo. Finjo
E sempre fingi.
Qual teatro, qual encenação
Absorvida por sonhos, interpretada
Sem nunca o dever ser.
Mas sou banal. Sou banal
E sempre fui...
...banalmente importante.
Então fui, e sempre fui.
E fui, e importei, e finji,
E esqueci: e nunca ninguém soube.
E se soubessem, o que saberiam?
Talvez tudo e nada,
Talvez o soubessem saber
Talvez o devessem saber?
E talvez soubessem
Perceber que o mistério
Das coisas é precisamente e tão somente:
Percebê-las, analisá-las, explicá-las.
Amar? Não, nunca.
Amar com sentido, nunca.
O único mistério é não
(apenas) amar,
É não amar com sentimento,
Amar com sentido.
Ah, sensações...